O Impacto da Depressão e Ansiedade nas Mulheres

Andresa Squiçato

A depressão e a ansiedade são transtornos mentais que afetam milhões de pessoas globalmente. No entanto, estudos indicam que essas condições são especialmente prevalentes entre as mulheres, devido a uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e socioeconômicos que impactam sua saúde mental de maneira única.

De acordo com uma pesquisa do Datafolha, 27% das mulheres brasileiras relataram ter sido diagnosticadas com ansiedade, enquanto 20% receberam diagnóstico de depressão. Essa alta incidência reflete desafios específicos enfrentados por elas ao longo da vida.

Entre os fatores contribuintes estão as variações hormonais significativas, que ocorrem durante a puberdade, ciclo menstrual, gravidez, pós-parto e menopausa. Essas flutuações podem influenciar o humor e aumentar a vulnerabilidade a transtornos mentais.

Além disso, as mulheres frequentemente assumem múltiplos papéis, como profissionais, cuidadoras e gestoras do lar. Essa multiplicidade de responsabilidades pode levar a uma sobrecarga emocional e mental, contribuindo para o desenvolvimento de ansiedade e depressão. A desigualdade no ambiente de trabalho, manifestada por meio de salários mais baixos e menor reconhecimento profissional, adiciona uma camada extra de estresse e baixa autoestima. A dupla jornada — trabalho profissional e doméstico — também intensifica a sensação de esgotamento.

Outros fatores, como a pressão estética, as expectativas sociais e o medo constante de violência, agravam ainda mais o impacto desses transtornos na vida das mulheres. A sobrecarga de trabalho doméstico é um fator significativo: elas dedicam, em média, 21,4 horas semanais às tarefas domésticas, o que aumenta a sensação de cansaço e falta de tempo para o autocuidado.

A alta prevalência de depressão e ansiedade entre as mulheres não é resultado de uma única causa, mas de uma complexa interação de fatores. Reconhecer essas nuances é essencial para desenvolver políticas públicas e estratégias de intervenção que atendam às necessidades específicas do gênero feminino.

Isso inclui a promoção de igualdade no ambiente de trabalho, apoio psicológico acessível e a criação de redes de suporte que considerem as múltiplas demandas enfrentadas pelas mulheres na sociedade contemporânea.

Andresa Squiçato é psicóloga na Clínica Pisco Benedita Fernandes.

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